sábado, 26 de fevereiro de 2011

Wisconsin: a componente de direita estadunidense

Da Fundação Lauro Campos

O que ocorre no estado de Wisconsin (Centro-Oeste) é catalogado hoje como o resultado de uma componente de direita estadunidense com o fim de descabeçar os sindicatos de trabalhadores públicos.

Durante mais de uma semana, cerca de 100 mil pessoas mantêm seu rechaço aos planos do governador Scott Walter e ao congreso estadual, controlado pelos republicanos.

É la reação a algo controvertido: Scott promove uma iniciativa de lei que limitará o poder dos sindicatos do setor público a discutir só salários, deixando fora benefícios e condições de trabalho.

Além disso, fixará um teto às melhorias salariais baseado no índice de inflação e aumenta as contribuições aos fundos de pensão e saúde.

Mas os planos, que já recebem o apoio do movimento conservador Tea Party, desataram airadas reações que vão a caminho de converter-se num dos maiores protestos sindicais nos Estados Unidos das últimas décadas, segundo os comentaristas políticos.

Alguns, como o politólogo Noam Chomsky, consideram que o que se desencadeou ali talvez seja o inicio do que verdadeiramente necessitam: um levante democrático.

Outros analistas avaliam a situação e opinam que em Wisconsin se joga o futuro do poder sindical e de sua influência na distribuição dos rendimentos em toda a nação.

Até agora, o argumento de Scott de que seu plano é necessário para equilibrar as contas do Estado não chega a convencer seus críticos, que reiteram que está em marcha uma experiência para destruir os sindicatos de trabalhadores públicos.

A esses argumentos não lhes falta razão. No Estado existem índices melhores do que em outras partes do país. O desemprego é de 7,5% e o déficit projetado é de 12,8% do orçamento, ambos abaixo da média nacional.

Isso dá margem a pensar que há um fundo político e não é de extranhar que mais de uma centena de organizações próximas ao Tea Party em todo o país comecem a se mobilizar a favor da medida de Scott.

Os sindicatos públicos na maioría das vezes se inclinam pela formação democrata na disputa de cargos eletivos no país e seu aporte econômico às campanhas políticas é significativo, algo que preocupa os republicanos e afeta seus planos de retomar a Casa Branca e a maioría em ambas as câmaras do Congresso Federal.

Este estado é o berço de um dos maiores sindicatos de funcionários públicos e enfermeiras do país, que aglutina a 170 mil membros, segundo dados oficiais.

Conhecido por sus sigla em inglés como AFCSM, o sindicato adquiriu em 1959 a capacidade de negociar convênios coletivos de trabalho, o que traducido em poder preocupa o governador republicano.

O código laboral estadunidense regula as relações de empresas privadas em nível federal, mas deixa a regulamentação dos empregados públicos em cada um dos estados na mão dos governos dessa instância.

Walter, sujeitando o touro à unha, quer forçar os sindicatos a celebrar um plebiscito que os legitime anualmente e proibir as deduções automáticas das contribuições sindicais.

O próprio político admite que pretende "limitar o poder dos sindicatos" e nisso espera poder ser a fonte de inspiração para muitos outros.

Se esta lei é aprovada em Madison, será replicada em outros estados onde governantes intentan reduzir seu déficit orçamentário trasladando os custos para os trabalhadores do setor público.

Iniciativas parecidas começaram a surgir em Ohio, Indiana e Tennessee, enquanto se extendem por todo o país movimentos de apoio aos trabalhadores de Wisconsin.

Entretanto, talvez o conflito nesse estado não aumentará sua magnitud, pois segundo o diário The Wall Street Journal, republicanos e democratas negociavam uma proposta para limitar o projeto de lei em disputa contra os empregados públicos, o que ppderia favorecer o início de negociações.

Não obstante, a peleja dos sindicatos contra Walker tem oportunidade de converter-se no marco que represente uma derrota a mais dos sindicatos. Ainda perdura a recordação da famosa greve de controladores de voo que Ronald Reagan quebrou en 1981.

Posteriormente a isso, a derrota de greves maciças e prolongadas dos operários da carne em Minnesota ou dos operários industriais em Illinois, pontuaram o retrocesso do setor asalariado na vida econômica estadunidense durante as últimas três décadas.

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