segunda-feira, 7 de maio de 2012

A esquerda que a direita gosta


Por Tiago Barbosa Mafra

O mundo neoliberal prospera, ao menos no Brasil, no modo local de se fazer política. Apropriação das estruturas partidárias para fins particulares, projetos de propagação de poder e busca de afago do ego por meio da acomodação em cargos de confiança dos muitos asseclas puxadores de saco e voto.

A estrutura político partidária por esse “modo de fazer política”, que de consensual e democrático tem muito pouco. A troca de favores, influências e alianças se dá de forma explícita no atendimento aos interesses conjunturais , às necessidades da governabilidade.

Para a direita, que se dane. A propagação do controle político não obedece mesmo nenhum ditame ideológico de compromisso coletivo. Basta brandir a bandeira da ética e defesa da moral, vender essa ideia e aguardar os votos cômodos das mentalidades individualistas de percepção descontextualizada, os falsos conscientes.

Entretanto, para a dita esquerda, esse modus operandi é catastrófico. Essa aliás, é a esquerda que a direita gosta e defende. E a dita esquerda que dialoga e faz conchavo com o inimigo, defende o indefensável, trama pelas costas, despreza a militância, se mata internamente, erige líderes eternos, coronéis de partido, matadores de organização e da autonomia de pensamento, eles próprios símbolo do que sempre combateram.

Há dois grupos de culpados nesse campo da “esquerda”: os que lotearam o os espaços partidários para fins privados, se entregaram simplesmente à lógica financeira e aos projetos individuais, e a militância inerte, acomodada, omissa, adequada e covarde frente às regras arcaicas e ultrapassadas colocadas em prática pelos doentes do narcisismo sem fim.

Enfim, é muita bandeira e pouca luta, muito particular e pouco coletivo. Muito dinheiro e pouco compromisso. Muitas organizações e pouca organização de classe.  Muita direita e muitas esquerdas. Do jeito que o capitalismo gosta.

Tiago Barbosa Mafra, Professor de História e Geografia na rede municipal de ensino de Poços de Caldas e no pré-vestibular comunitário Educafro.

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