sábado, 29 de junho de 2013

O CLAMOR DAS RUAS E A REVOLUÇÃO PELA ÉTICA

Por Paulo Cássia Pereira

No mês de abril deste ano escrevi sobre os fragmentos da história, os quatro poderes, os acontecimentos políticos, a crise ética e a importância das mídias sociais para dar voz ao povo e formar opinião. Em uma parte do texto dizia o seguinte:
Hoje com os problemas dos partidos e seus aventureiros politiqueiros de última hora, os apadrinhados, os estrategistas políticos com suas ideias mirabolantes de conquistar o mundo (lembra o desenho animado do Pink e Cérebro) escondidos em cargos e ainda o nepotismo nojento, percebemos o inicio do descrédito e o vazio da participação popular...”
É lógico que estamos dentro de um sistema democrático que define suas leis para o funcionamento dos partidos políticos e outras instituições que devem ser respeitadas cada vez mais para o fortalecimento da própria democracia, pois afinal ainda é essa a regra do jogo a ser seguido pela sociedade.
Porém, não é de hoje que percebemos claramente o descontentamento com a classe política, principalmente com os politiqueiros profissionais que abusam nos bastidores dos partidos como se fossem “pequenas empresas e grande negócios”. Agem bem longe da participação popular, por telefone manipulam , tramam, usam pessoas para serem eleitos e ascenderem na política (ninguém é eleito sozinho) e depois viram as costas para o povo e para os próprios companheiros(as) de partidos que também são formadores de opinião. Preferem confiar e se aliar a bajuladores, inimigos ou adversários históricos (forças ocultas). Perdem o rumo pelo qual foi eleito, acham que são vitalícios e fazem conchavos que sejam bons para si mesmos para perpetuarem no poder. Não pensam que suas decisões insanas atrás da mesa repercutirá na vida da dona de casa com seus filhos que aguardam com esperança um mundo melhor. Neste momento eu lembro de uma música cantada no grupo de reflexão das comunidades eclesiais de base “o poder tem raízes na areia...”
Penso que o clamor popular não é ainda para acabar com os partidos ou derrubar governos e que a nossa democracia está em construção, pois a grande maioria sabe que o povo de forma pacífica está dando o seu recado nas ruas que é o parlamento natural no campo das ideias e ações propositivas uma vez que não temos encontrado eco nas instituições. É importante separar o joio do trigo e destacar os movimentos sociais através das organizações não-governamentais que mesmo endurecendo sem perder a ternura são comprometidos com a transformação para “outro mundo possível” e que há muito tempo tem funcionado como um despertador para acordar muitos que estavam no berço esplêndido e hoje estão nas manifestações.
O povo na rua com a juventude na vanguarda é uma advertência aos partidos e seus agentes políticos que precisam fazer uma reflexão e exercitarem a humildade de reconhecer a legitimidade da atitude popular e rever conceitos de que a tendência será a revolução pela ética. Não é hora de retórica ou de discursos inflamados para agradar a plateia e sair lucrando politicamente com a situação. O momento pede para escutar, refletir e ter a sensibilidade de interpretar os acontecimentos.
É importante considerar que a mudança nas áreas de transporte, educação, saúde, segurança e habitação (cinco principais pontos de todos os planos de governos), o problema da corrupção e ainda a reforma política, devem ser urgentes e que a paciência dos cidadãos trabalhadores construtores desta nação está no limite e todos querem o resultado para ontem, demorou! Por isso é preciso arregaçar as mangas e articular com serenidade junto com os anseios populares as verdadeiras mudanças com ações concretas nas políticas públicas.
Paulo Cássio Pereira, é Professor de História na rede pública e grande companheiro de lutas.


Um comentário:

Anônimo disse...

Clareza nas palavras do Camarada Paulo Cassio. É hora de darmos uma guinada à esquerda, atender os anseios populares e dar uma resposta que seja condizente com a história de lutas populares. Canalizar o descontentamento popular para as mudanças estruturais que estavamos tentando fazer lentamente e que o momento propicia uma possibilidade de aceleração.

Adiante, portanto!

Taigo Mafra